“Memórias Encontradas”. Uma fotonovela sem fotos. [Beleza do Oculto 8]

Beleza do Oculto 8  
Inês e Pedro partiram. Com as suas respectivas famílias e amigos, de fim-de-semana prolongado.
PARTE 2, PEDRO.
Pedro partiu para norte. Com a sua Mulher, a sua melhor amiga de infância, Catarina e o seu namorado. Foram passar o fim-de-semana a um turismo rural muito acolhedor. Na tarde de Sábado, Pedro foi dar um passeio a pé, pelo campo, com Catarina, os restantes ficaram em casa porque estava a chuviscar mas Pedro e Catarina ‘não tiveram medo da chuva’.
Pedro não resistiu e contou a Catarina toda a sua história, ainda por escrever, com Inês. Momento a momento. Catarina ouviu, boquiaberta, e sempre com um sorriso nos lábios. Há anos que não via o seu querido amigo Pedro tão entusiasmado e feliz. Pedro tinha estado, durante anos, num marasmo, no que diz respeito ao seu casamento, entristecedor. O que fez com que até aquele momento Catarina tivesse esquecido quão doce e alegre a face de Pedro poderia ser.
“-Querido Amigo”, começa Catarina, recuperando a respiração, depois de ouvir ‘o prelúdio até ao fim’. “-Como sabes, quero o melhor para ti. És o meu melhor amigo. És um verdadeiro Homem de Bem. E mereces sorrir. Algo que não fazes há anos. Quero ver-te feliz. Como te vejo agora quando falas dessa tal Inês. Quero ouvir-te dizer: ‘- Sou feliz’. Quero ‘ouvir-te’ dizer à Mulher que amas, e mereces, ‘-Amo-te!’. Quero ‘ouvir’ a Mulher que amas dizer-te, ‘-Amo-te!’. Há tempos que percebi que só estás ainda com a Margarida apenas por dó, pela tua bondade infinita e, sinceramente, fico triste por todos. Triste por ti e triste por ela, pois essa vossa relação vai inevitavelmente acabar. Sei que é difícil arranjares coragem. És bom. És Muito bom. Mas não há relação que perdure por pena, por mais que ela precise de protecção, ajuda financeira, mão amiga. Desculpa ser crua e directa, mas não há sentimento que dure por mais que ela tenha uma vida de infelicidade e ‘miséria’. Um historial de ex-maridos, filhos de cada um, não trabalhe e não tenha como sustentar-se… O teu sentimento pode e vai finalmente transformar-se em cansaço. Será desastroso quando chegar esse momento. Quanto mais tempo a Margarida viver num mundo que não é o real, menos defesas conseguirá criar. Quando mais rapidamente for o choque melhor para todos. Há muitos envolvidos e vai ser terrível, sobretudo para os mais pequeninos.”
Catarina respira fundo e Pedro tem os olhos molhados pois sabe que tudo isto é verdade mas muito triste e penoso.
Catarina continua, “-Não há relação verdadeira que não seja pelo coração, paixão, atracção, partilha, amor, fidelidade, cumplicidade, respeito, orgulho pelo outro, divertimento, independência, gostos e projectos comuns. Tu e a Margarida não têm nada disto, nem nada em comum. Ponto. A não ser o teu sentido de responsabilidade para a ajudares e manteres equilibrada. Pedro, responde-me francamente. ‘Gostas/amas a Margarida? É com a Margarida que queres viver a tua vida, até seres ‘velhinho’?”. Pedro responde já com lágrimas a caírem pela cara. “-Não. É um verdadeiro martírio, sufoco. Já não aguento mais. Não consigo continuar a viver assim. E só penso na Inês. Mas e o que vai ser da Margarida?”. “-Pedro, ouve bem: Tu mereces tudo, a Margarida também e a mulher que amas, a Inês, se for uma Mulher de Bem, merece-te a ti e tudo, também. Não tenhas dúvidas. Sem amares, gostares e apenas por solidariedade nunca conseguirás sorrir e dar-lhe o que ela, Margarida, precisa e merece. Também não estás a receber o que mereces e, pior, podes perder a mulher que, agora, amas. Aquela que te poderá fazer sorrir logo ao acordar e adormeceres na paz da tua verdadeira família. Por longos e maravilhosos tempos. Não faz sentido ficares com alguém por pena ou por outro qualquer motivo que não seja o Amor, a Cumplicidade e a Admiração, caso contrário é inevitável que acabe. Acabe e acabe mal para todos os envolvidos.” …

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