Era outono, na cidade, e tu
tentavas agarrar-me com todo o teu olhar, com todo o teu coração, eu fugia. Tão
forte era o laço que nada temias.
Olhaste-me e sorrimos, não te
esperava. Muito menos que tocasses o meu coração. Foi mágico e suave, estava
bela e tranquila, sentia-me bem e contemplava. E contemplada, feliz! Na tua
mirada penetrante, sem te poderes dominar.
Falámos a noite inteira e
calámos. Apreciámos a voz do outro, em silêncio. Respirámos e sentimo-nos.
Deixámos muitas outras almas penduradas. Outras conversas passarem. Só a nossa
importou. Só a nossa nos movia. Calor bom fluía e a brisa da noite suava.
No fim da noite em minha casa
disseste-me “sinto-te casa”. Disseste que era como se me reconhecesses de sempre
e isso surpreendeu-te e deu-te sossego. A mim também. O teu coração e o meu
batiam com o ritmo e som de uma chaleira a ferver e com reconforto de uma
lareira a crepitar.
Abraçaste-me, todo o meu corpo,
com as tuas doces mãos, com todo o teu coração. Tão forte é o nosso laço. Sorrimos,
assim, um beijo meu querido.
-->
Comentários
Enviar um comentário