Lembro-me quando ainda sentia vergonha de me sentar sozinha num banco de jardim. Lembro de me sentir muito pesada. Sentia vergonha por estar só e sentia-me só por sentir vergonha. Sentia-me triste e desamparada no mundo. Emaranhada nestes sentimentos não podia ver as folhas verdes, sentir o cheiro destas pequenas camélias e aproveitar a brisa leve e segura que, agora, me toca a pele. Agora sento-me neste banco, neste jardim, neste belo lugar de paz e, enquanto escrevo, sinto uma imensidão, um arrepio gostoso e sinto uma alegria quentinha e marota no meu coração. Oiço os passarinhos a cantarem-me e sorrio. Oiço a tua voz e a água que escorre no lago cintilante. Sinto-me pessoa, sinto-me mulher e não mais errada e não mais desajeitada e não mais esquecida. Lembro-me agora de respirar e lembro-me agora de me sentir vulnerável, por vezes sozinha, por vezes insegura e muitas vezes serena e agradecida. Acarinhada por Ti e por ti, sorrio. Cuidas de mim e proteges-me. Posso descansar a cabeça no teu ombro. E assim posso Ser a bela flor, do Belo, que gesta. E assim lembro-me de que em mim podem caber todos os sentimentos que sinto. O que sinto e o que sinto por ti e por Ti. Suave e terna é a lembrança de que me sinto viva e Amada.
Lembro-me…
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